terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Enfim... parida!

Quarenta e uma semanas e dois dias de gestação, sexta-feira 28/10/2011… uma ansiedade que já me consumia há semanas, após um pequeno susto com a possibilidade da vinda prematura do nosso pequeno Bruno às 32 semanas. Pedi ao Universo que Bruno esperasse até ao menos as 37 semanas para que pudéssemos recebe-lo no aconchego do nosso lar. Foram litros e mais litros de água de coco (potássio) para ajudar a inibir a possibilidade de um trabalho de parto prematuro. Assim os dias foram passando até que chegaram as tão sonhadas 37 semanas e eu lhe disse: “Pronto, filho, agora venha!” 
Ha-ha-ha!
Quem disse que podemos controlar algo? Na Natureza tudo tem seu tempo! Cada dia se tornava mais longo e demorado a passar… cada dia a minha ansiedade se multiplicava de forma exponencial e todos os dias eu pensava: “Será que é hoje?” Passei em consulta com a minha amada e admirada parteira (Obstetriz) Ana Cris no dia anterior, quinta –feira e falamos sobre a possibilidade de fazer o descolamento de membranas mas eu resisti! Disse que pretendia esperar até às 42 semanas pra pensar em algum tipo de intervenção. Ela, como sempre, respeitou sorridente a minha decisão. Sexta-feira de manhã, ligo para minha irmã antes mesmo dela ir trabalhar e peço pra ela: “Diga pra todas as pessoas que você tinha mencionado sobre o parto em casa que não mais o será, que vai ser no hospital mesmo, blá blá blá… Alguém deve estar ‘segurando’ meu parto!” Minha nossa! Quem disse que eu acredito nisso???? Não! Não mesmo! Ninguém pode ‘segurar’ o parto de ninguém, definitivamente! A Dani, minha irmã, prontamente me deu um esporro me lembrando exatamente isso. Ela me deu uma bronca (merecida) e disse que não mentiria pra ninguém porque afinal de contas EU deveria tomar as rédias da minha vida e parar de me fazer de vítima! Sábias palavras que me colocaram aos prantos… me dei conta de que eu acabava de brigar com a única pessoa com quem tinha conseguido manter a paz e união a gestação inteira: a pessoa mais maravilhosa que eu poderia ter escolhido para ser a madrinha do meu filho. Decidi fazer uma faxina na casa porque sempre que preciso colocar a cabeça em ordem, eu começo colocando a casa (sempre funciona). Enquanto faxinava, chorava lágrimas de cansaço (físico e mental), de reconhecimento, de alívio. Acabei de faxinar no meio da tarde (com aquele barrigão imeeenso), fui pro banho, relaxei e antes de desligar o chuveiro decidi fazer um “auto-descolamento de membranas”. O fiz. Como formanda em obstetrícia eu sabia que tinha uma grande chance de entrar em trabalho de parto (TP) entre 2h e 48h. Avisei o Du (marido) que ficou animadíssimo com a possibilidade e me deu todo apoio. Passei sexta e sábado muito mais tranquila por ter tomado alguma atitude sobre mim, por ter criado coragem de agir e parar de me vitimar. Eu pensava que se caisse na percentagem de mulheres que não entram em TP, era porque “não era pra ser” e então eu esperaria até a semana seguinte para pensar em novas possibilidades. 


 Eis que domingo,
30 de outubro de 2011, levanto para o corriqueiro ‘xixi matinal gravídico’, frustrada por não ter entrado em trabalho de parto em mais uma madrugada (considerando que já tinha contrações desde sábado à tarde de 4 em 4 minutos, tinha caminhado por quase 2 horas para estimular o TP e enquanto cochilei no sofá assistindo um jogo de volei, o Du disse que ficou com a mão na barriga sentindo as contrações que não falhavam – 4 em 4). Fiz o xixi, voltei pra cama e ao ‘tentar’ deitar senti uma contração forte! “Aiaiaiaiaiaiaiai….” Até que ela passou. Não quis me iludir e me deitei para voltar a dormir. Dois minutos (acho) depois: “Aiaiaiaiaiaiaiaiaiaiaiai… nossa, acho que a bolsa estourou!” e “pam”, os olhos do maridon arregalaram-se e imediatamente foram conferir: “É, estourou! Tá tudo molhado!” (Valeu a pena dormir semanas com o plástico embaixo do lençol para não perder o colchão novo! Rsrs). Impressionante como os meus ‘aiaiaiais’ não o acordaram mas a típica “frase de novela” sim! Já estamos tão condicionados a isso mesmo sabendo que a grande maioria dos partos não começam com a ruptura da bolsa, né?! Eram 7h20. Levantei-me e fui conferir a cor do líquido (coisa de obstetriz)… para meu espanto, meu pijama estava todo verde! O que isso significa? Mecônio! O que isso significa? Cocô do bebê. O que isso significa? De duas, uma: ou o meu bebê estava mostrando que já tava madurinho pra nascer ou que estava entrando em sofrimento. Já acompanhei “n” partos com mecônio mas confesso ter temido que aquele fosse o fim do meu sonho de parto natural / domiciliar. Pedi ao Du que pegasse o meu sonar (aparelho que ausculta os batimentos cardíacos fetais –BCF) e daquele objeto saía o som mais delicioso que eu poderia ouvir: 140bpm (batimentos por minuto)… ou seja, meu bebê estava ótimo! Ufa! Fiquei monitorando o BCF para me certificar que o Bruninho não estava querendo me avisar algo e só alegria: meu pequeno guerreirinho estava com o coração melhor que os nossos! Liguei pra Ana Cris para passar as informações, assumo que morria de medo de ouvir dela algo do tipo: “Mecônio? Huummm… esqueça o parto domiciliar” Mas como sábia e experiente parteira que é, nada temeu, me disse para continuar observando a cor do líquido e auscultando o BCF e que pediria para a Cris Balzano (minha AMIGA, DOULA e também OBSTETRIZ– queridíssima!) vir para casa, para acompanhar mais de perto o desenrolar desse início de TP. Fiz um auto-toque para saber como estava o colo do útero: os mesmos 1,5cm de dilatação que apresentei às 32 semanas mas um colo mais afinado. O Du preparou frutas picadas com granola pra mim, foi a única refeição que fiz durante todo o TP. Ficamos apenas nós 4, Du, Amora (nossa filha canina), Bruno e eu curtindo esse tão esperado momento… as contrações ficavam cada vez mais fortes e eu tentando manter uma ‘carinha boa’. O “bicho pegou” desde que a bolsa rompeu, as contrações já começaram fortes. Tudo o que eu queria naquele momento era pensar que isso significava “um trabalho de parto rápido!” mas não era! Rs O Du ria quando eu dizia “tão cada vez mais doloridas” mas não era um riso de deboche, era um riso de “não acredito! Você realmente está em TP e nosso filho vai nascer!”. Não avisamos ninguém que estávamos parindo, não queríamos que ninguém ficasse muito ansioso e que ficassem telefonando pra saber… Queríamos privacidade, calma, tranquilidade, vínculo… e foi exatamente assim! Daqui pra frente eu não me lembro horário de nada… imergi na imensidadão do parto ‘de cabeça’, sem lenço e sem documento. 

A Cris chegou pouco tempo depois de nos falarmos por telefone, ainda bem que era domingo porque ela teve que cruzar SP (Granja Viana – Santo André). Quando chegou, nos abraçamos felizes demais por ter chegado esse momento. Que gostoso! Um pequeno detalhe que notei repentinamente é que tudo nesse TP era coberto pela cor púrpura (roxa): a roupa que eu usava (uma bata), minha bola de pilates (que usava para exercitar e estimular as contrações – além de favorecer a descida do bebê), o esmalte das minhas unhas, o edredon que colocamos no chão para eu me ajoelhar (ficar em quatro apoios) e a roupa da Cris (lilás) – ainda não sei qual o significado disso mas ainda vou perguntar a ela (Cris) que é também cromoterapeuta. A Cris revezava com o Du as massagens na lombar durante as contractions e hoje entendo o QUÃO bom é essa sensação. A Cris me 
pediu permissão para realizar um exame de toque para poder posicionar a Ana Cris. Assim que tocou, fiquei curiosíssima para perguntar “Com quanto estou?” [dilatação] mas resisti e me contentei com aquele “Tá progredindo…” que significa um “não evolui tanto quanto pensávamos, mas tá evoluindo”. Eu revezava entre exercícios na bola, caminhadinhas, agachar, ficar de quatro… até que decidi ir para o chuveiro e devo ter ficado lá por uma hora ou mais. A Cris me fazia companhia, o Du cuidava de toda logística da casa (inclusive deixar umas guloseimas na mesa pra equipe poder beliscar à vontade). Por conta do mecônio, decidimos chamar um pediatra para acompanhar o nascimento do pequeno. A querida Ana Paula Caldas (a quem temos muita gratidão) aceitou o convite de sair de Campinas e vir à Santo André para nos assistir. Saí do chuveiro, continuei zanzando pelo quarto naquele “agacha – levanta” e da-lhe massagem na lombar… não faço a menor idéia de que horas eram… a Ana Cris chegou e que sensação maravilhosa: as pessoas que mais desejava ver ali comigo estavam presentes: Ana Cris, Cris e Du! Eu estava repleta de carinho e proteção! O tempo todo monitorizavamos o BCF do Bruno que só nos dava mais tranquilidade – coraçãozinho forte!

Lembro-me com MUITO CARINHO da Ana Cris entrar pela porta do quarto no meio de uma contração, agachar-se ao meu lado, me abraçar e me dar um beijo, dizendo serenamente no meu ouvido: “Oi querida! Tô muito feliz, viu?! Adoro você!” Eu não precisava de mais nada, o que eu precisava naquele momento, eu tinha de sobra: AMOR! Não sei se eu pedi ou se elas sugeriram mas logo fui para a banheira - uma piscina infantil de 700 litros inflável que compramos especialmente para esse momento e que vai me acompanhar em muitos outros partos daqui pra frente. A mangueira que utilizamos pra encher a banheira (conectada no chuveiro) também já tem história: já foi de duas outras Maternas (amigas da lista de discussão Materna-SP do yahoo) e chegou a nós doada pela carinhosa Irene (mãe do Max e do Eric – partos domiciliares). Quando imergi naquela deliciosa água quente (“aaaahhh”) pensei: “Pronto! Agora vai! Pra que anestesia?” O poder de relaxamento da água quente é indescritível… mas é uma pena que também é limitado! A sensação dolorosa das contrações diminui muito e se eu estivesse mais perto do expulsivo poderia ter usufruido mais dessa sensação boa, de qualquer forma, não me arrependo de ter entrado nesse momento. Não sei ao certo quanto tempo fiquei na banheira mas virei uma “ameixa” de tanto tempo que fiquei lá (imagino ter ficado pelo menos umas quatro horas). Nesse período muitas coisas aconteceram fora daquele quarto: a Ana Paula Caldas chegou, a Ana Cris fez almoço (o cheiro tava maravilhoso mas eu não consegui comer nada), colocamos música, desligamos a música, a Amora ia e vinha pela casa sem entender nada… todos se revezavam pra me oferecer companhia e conforto mas o que mais desejei foi absolutamente respeitado: ficar o máximo de tempo possível só com o Du, para criarmos mais vínculo, mais cumplicidade… foram longas horas de introspecção e uma energia inexplicável. Em um dado momento, agradeci a mim mesma por ter optado pelo parto domiciliar porque queria muito vivenciar o parto natural e eu sabia que, se naquele momento eu estivesse em um hospital, teria pedido sem dúvidas uma analgesia e depois iria me questionar se deveria mesmo te-la pedido.


Em algum momento, ainda dentro d’água, senti uma vontade de fazer força mas não era o tal “puxo” porque, ao passo que fazia a força, preferia parar de faze-la já que eu sentia que doía mais. Até hoje eu tô esperando esse tal “puxo”, essa tal vontade incontrolável de fazer força… A única coisa que senti o tempo inteeeiro era uma dor absurda nas costas, na região do cóccix! Eu não conseguia parar de reclamar de dor nas costas, com e sem contração… minhas parteiras pediram pro Du entrar na água comigo e massagear a lombar. Que grande ajuda! Ele ficou com os braços muito doloridos porque eu não o deixava parar de massagear (coitado!). A Cris fez moxabustão, uma técnica de aplicação de calor no local da dor, que ajudava bastante mas a fumaça que provocava me incomodou demais (o cheiro me nauseava) e eu tive que abdicar dessa ajuda. Ah! A Cris também leu o Oráculo da Deusa (se não me engano era este o nome) e marcou-me que a carta que retirei também dizia para que eu não me fizesse de vítima (uau!). A Ana Cris chegou a fazer um exame de toque enquanto eu estava na banheira e depois de algum tempo sugeriu que eu saísse da água para ficar mais “presente”, mais verticalizada e ajudar o Bruno a descer mais. Aceitei, saí da água, fui pra banqueta de parto (aliás, presente do meu amigo e mestre da medicina, Dr. Jorge Kuhn) que também irá me acompanhar em muitos partos por aí. Faltava dilatar um rebordo de colo e pedi ajuda pra Ana Cris. O mais incrível e que mais admiro nessas profissionais humanizadas é que somos cúmplices o tempo todo: ninguém força a barra pra nada, ninguém faz algo que você não queira, ninguém ‘apela’. Elas sugerem e juntas tomamos a decisão! =) Mais algumas contrações e a AC ‘segurou’ o rebordo com os dedos enquanto eu fazia força. Pronto! Dilatação total! Mas quem disse que o pequeno descia? Risos 
Fiz muita, muita, muita força em diversas posições: de quatro apoios, deitada, de lado, agachada… e só assim, de cócoras sustentada (apoiando-me nas pernas do Du) é que conseguimos sentir uma evolução na descida do Bruninho. Eu fazia força e o Du fazia comigo! Hahahaha… As vezes eu queria ir além e fazia muita força aí ele falava “Respira! Respira!” porque ele mesmo já tinha parado de fazer força pra pegar fôlego novamente! Hahaha… muito engraçado lembrar disso! Já se passavam algumas horas nesse esforço tremendo e eu não conseguia parar de reclamar da dor absurda que eu sentia nas costas! A minha amiga – doula – obstetriz-assistente foi severa comigo: “ANA, ESQUECE AS COSTAS AGORA! VC PRECISA SER FORTE E AJUDAR O BEBÊ A NASCER! ESQUECE AS COSTAS! ESQUECE!” Não me esqueço dessas palavras porque eu detesto tomar bronca! Kkkkkkkkk… Mas como uma boa menina, segurei a onda, encarei o papel da ‘parideira’ e mandei ver! Somente depois que o Bruno nasceu, lembrei-me que em 2008, numa viagem de férias, eu tomei um escorregão que me fez cair de cóccix, sem ter tempo de apoiar as mãos, o que me fez perder o ar de tanta dor… dor esta que persistiu por meses quando eu me sentava! Bingo! Meu cóccix deve ter fraturado nessa pancada e como parou de doer, não me preocupei com o que ele poderia me causar futuramente. Agora já sei de uma coisa: outro parto só depois de ‘consertar’ o cóccix! Rs 
Quando parei de lamentar a dor nas costas e fazer as forças que vinham sei lá de onde, a Ana Cris dizia: “Isso querida, maravilhoso! Você tá indo muito bem, ele tá chegando!!!” Nooooooooooossa, como isso anima!!! =D Essas palavras vindas dela causavam uma espécie de “impulso interno” que me fazia acreditar que faltava pouco, pouquíssimo pra eu conhecer o ser que mais desejei em toda a minha vida!!! Não sei quanto tempo fiquei nesse cócoras, sei que sem os hormônios do parto eu não ficaria 2 minutos (dor nas pernas) mas ‘chapada’ como eu estava, não dava pra sentir nem as pernas! Haha. Eis que conheci o “Círculo de Fogo”! A região do períneo ardia muito, e eu dizia “Meu Deus, como queima!” e no vídeo de nascimento eu ouvi que a Cris me disse: “Isso Ana! É o círculo de fogo! É o ritual de passagem, agora você está se tornando mãe!!!”. Eu pensava se deveria fazer força ou assoprar, me lembrava da Naoli Vinaver em seu vídeo “Birth Day” assoprando para não lacerar… Eu soprava, fazia força, soprava de novo… rsrsrs… Mais uma foooooorça e saiu a cabecinha: em “OC” (piadinha pra obstetrizes: occipício-coxa), ou seja, Bruno nasceu olhando para o lado, olhando para minha coxa, completamente atípico! Uau! Consegui!!! Mais uma forcinha e meu “Aaaaaahhhhhh” emendou-se com “Ahhh meu Amoooor”! Emociono-me de lembrar desse momento!!! Minhas lágrimas são inevitáveis quando conto o nascimento do Bruno e principalmente quando assisto a filmagem! Minha nossa, que intenso, que delicioso! 
Meu filho nasceu em casa, pelas mãos da parteira que mais admiro nessa cidade, com a presença de outras duas mulheres maravilhosas e com todo apoio, carinho e parceria do meu marido (e pai incrível!). Sentei-me no chão sobre os panos limpos e abracei pela primeira vez meu pequeno BRUNO! Você chegou, filho amado!!!!! Que sensação única!!! 
Bruno nasceu às 18h16, após quarenta e uma semanas e quatro dias de gestação e 11 horas de trabalho de parto, apgar 9/10 e com uma bossa enorme na cabeça (que parece uma ‘bola’, um formato meio cônico) e o Du que já tinha ouvido mil relatos de parto com bossa não se assustou nem um pouco, mas a nossa família que veio logo em seguida… rsrsrs! A bossa some em pouquíssimo tempo! É mais um artifício incrível da natureza pra ajudar na passagem pelo canal de parto. A presença da pediatra me deixou muito tranquila mas (ainda bem) o Bruninho dispensou sua atenção! =D A Ana Paula Caldas só me ajudava a seca-lo, trocava os paninhos para mante-lo aquecido em meu colo e o observava. O Du ficou extremamente emocionado e o êxtase familiar é inexplicável! Perguntei onde estava a Amora (canina) e ela veio caminhando lentamente na cama tentando entender o que estava acontecendo, de onde vinha aquele choro forte… olhei pra ela e disse: “Rainha, o ‘imão’ nasceu, filha!!! Olha só!” Ela, ainda sem entender muito bem, apenas abanou lentamente o rabinho. Que sonho! Tudo foi perfeito! Romântico como eu imaginava, intenso como eu imaginava, doído (fisicamente) como eu imaginava… nada fugiu dos meus sonhos a não ser o fato de que eu gostaria que ele tivesse nascido na água, mas isso passou longe de se tornar uma frustração! Ofereci o seio ao pequeno gigantinho e ele não fez ‘hora’ pra aceitar! Abocanhou lindamente e sugou com uma força de guerreiro! Mal nasceu e já foi “fazendo uma boquinha”, não nega as origens! Êêê zona leste! rsrsrs Logo em seguida a AC e o Du me ergueram e colocaram-me na cama para que ela pudesse observar melhor o sangramento, a dequitação da placenta (que aconteceu em 10 minutos ou menos) e a laceração (que precisou de sutura mas com a dose generosa de anestésico eu nem senti). Após quase 11 horas de jejum, eu só conseguia pensar em uma coisa: “ai que fome!”. O Du aqueceu um pedaço de torta de palmito e me deu na boca, depois ainda comi mais um monte de coisas porque minha fome não esperaria para se alimentar de algo saudável: bolacha, iogurte… tudo o que veio pela frente eu tracei! Baby ficou no meu colo, no quentinho e macio colo da mamãe muito tempo. Foi ali mesmo que o papi cortou o cordão e só quando a AC começou a suturar eu pedi para ficarem com ele. Papai delirou ao pegar seu filhotinho no colo pela primeira vez! Aproveitaram esse tempo para examina-lo e pesa-lo. Nosso anjinho aceitou toda a movimentação tranquilamente, sem estresse, sem choro, sem berros! Aliás, isso também graças à delicadeza da nossa pedi querida, né?! ;) Perguntei então quanto tempo eu levaria para esquecer aquela ‘dor’, a AC me disse: “Eu não vou nem te responder, vou deixar que você descubra! Mas garanto que vai se surpreender!”. No dia seguinte eu não conseguia me lembrar de como era a contração! Realmente surpreendente!!! Não contamos à ninguém que estávamos em trabalho de parto, somente após o nascimento ligamos para comunica-los… Assim, conseguimos ficar tranquilos, sem telefonemas ou ansiedade alheia aumentando a nossa própria ansiedade! Minha mãe me disse que foi a melhor coisa que fizemos pois, se ela soubesse que estávamos em TP, teria morrido de tanta ansiedade, aflição, angústia… hahaha… viu só, e essa era uma preocupação nossa. O mais incrível e maravilhoso é que, se hoje eu tento me lembrar da dor, não consigo representa-la em minha memória a ponto de me fazer sentir vontade de chorar, fazer força ou qualquer outra coisa que senti naquele momento… mas por outro lado, se eu me lembro da emoção que senti assim que ele nasceu e eu o peguei nos braços, me emociono novamente, um milhão de vezes, e de contar, choro! As coisas difíceis do parto se vão e as boas e gostosas, ficam! Vale cada contração!! Termino esse relato após 3 meses e alguns dias do parto. Sinto uma gratidão icomensurável por essas 3 mulheres únicas, pelo meu marido-doulo-amigo e pelo ser que mudou pra sempre a minha vida (pra melhor!), o Bruno. Sei que esse relato ficou pura “rasgação de seda” mas não tinha como não o ser! Me desculpem se sou ‘melosa’ demais. Quem viveu uma experiência assim, como eu vivi, sabe que não dá pra passar batido do papel dessas heroínas nesta jornada! 


 Meu sonho? Que todas as mulheres pudessem viver seus partos tal como sempre sonharam… Nada se compara a essa realização!




 Não poderia deixar de agradecer também à minha irmã que foi tão companheira e paciente comigo durante toda a gestação (me mimou muito! Adoro!) e à Thais Bernardo, que me promoveu tanto conforto com suas mãos de anjo nas necessárias drenagens além do delicioso “papoterapia”. 


À minha mãe: eterna e infinita gratidão por TUDO… inclusive por me responder, aos 13 anos de idade, que “… a dor do parto… É a dor mais forte, mais forte e mais gostosa que uma mulher pode sentir na vida!” 


 ana garbulho, 
mãe do Bruno e mãe-canina da Amora, obstetriz, doula, esposa, filha e o que mais a vida permitir…

12 comentários:

  1. Lindo, simplesmente lindo, Ana... Estou aqui em lágrimas, não é só você que é melosa, rs... Incrível como é isso mesmo, a gente sabe que doeu, mas não se lebra como eram as contrações... E a emoção do momento fica prá sempre! Parabéns!!!

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  2. Lindo Ana.. quero muito ter sua coragem de ter meu filho em casa, quem sabe consigo realizar esse sonho..

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  3. LINDO LINDO LINDO Ana!!!!
    Você merece!!!!
    Sei que não se deve fazer isso, mas quero dar parabéns não só a você, Bruno e seu marido, mas a toda a equipe pela sensibilidade de aceitar o que você queria e precisava!!!
    Felicidades, e tudo de melhor.
    bjs
    Cris Doula

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  4. Delícia de relato, Ana! Emocionante (e não poderia ser diferente, né?). Parabéns por ter conseguido. Beijo enorme.

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  5. Lindo, delicioso, emocionante!
    Trouxe todas as minhas emoções do parto de volta.
    Parabéns pela conquista e por todo o TP e pelo lindo filho!
    Bjs

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  6. Parabens Ana!
    Que linda foi a chegada do Bruno, e que seu sonho se torne realidade....

    Parabens!!!

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  7. Nossa... me segurei de prantos umas 3 vezes... e me prendeu dum tanto q eu me via com o nariz no monitor.
    e por fim QUE DEUS SEMPRE OS ABENÇÔE como sempre fizera!

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  8. Nossa Ana..que depoimento mais lindo, deu pra ver que você escreveu com todo o seu amor..

    Como eu sonho com esse momento..de poder trazer meu neném a vida..com minha força.

    Beijos a você mãe empoderada e ao doce Bruno

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  9. Oi, amei seu relato vc poderia me passar o contato desses anjos que te acompanharam? queria muito um parto como o seu mais tá difícil convencer os médicos aqui... Sou de São. Bernardo do Campo meu email é o tati.cp@hotmail.com obrigada

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  10. Emocionante , chooorei de alegria, pode sentir um misto se sensações em cada palavra sua.
    Bjs
    Débora Doula

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  11. Ana,

    Estava muito curiosa em ver o seu relato, pois fiquei sabendo do nascimento do Bruno pela lista materna_sp.

    Parabéns, você é uma guerreira.

    Agora você sabe na vivência tudo aquilo que sabia na "teoria". Com certeza você acredita muito mais do que antes.

    Logo você vai querer passar por tudo isso novamente. É impressionante como essa adrenalina, endorfina, amor... sei lá o que mais faz nosso corpo querer de novo.

    Beijos,

    Adriana mãe do Guilherme (2 anos e 10 meses - PNH) e Juliana - (36 semanas - futuro PD)

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  12. Parabens Ana!
    Muito lindo seu parto e seu relato!
    Estava torcendo pra dar tudo certo, como voce sonhou!

    Minha mae tb disse que doi e depois passa e a gente esquece!

    TUdo de bom pra vcs

    Beijao e que vc seja minha doula no proximo filho!

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